Atividade com importante representantatividade reúne entidades sindicais, organizações políticas de esquerda e movimentos sociais para levar essa mobilização às bases
“Não acabou, tem de acabar, com a 6×1 não dá nem pra descansar”. Essa foi uma das palavras de ordem entoada com disposição ao final da 1ª Plenária Nacional pelo Fim da Escala 6×1 e pela Redução da Jornada de Trabalho que ocorreu neste sábado (25) de forma híbrida na Sede da CSP-Conlutas, em São Paulo. Reunindo mais de 1 mil pessoas (500 pessoas no virtual, 150 presenciais e 370 no Youtube), aprovou o dia 16 de fevereiro como o 3º Dia Nacional de Luta com atos, panfletagens, ações em shoppings, supermercados e empresas de telemarketing prioritariemente.
Além do 16 de fevereiro, o 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, também será palco da mobilização, assim como o 1º de Maio cujo mote inicial da data histórica foi a redução da jornada da classe trabalhadora.
O debate será reproduzido nos estados por meio de plenárias estaduais e regionais, além de locais de trabalho, escolas, universidade e locais de moradia com o intituito de ampliar o momento pela base em âmbito nacional. Mesmo nas categorias que não fazem essa jornada, mas que sofrem as pressões da superexploração, precarização do trabalho e baixos salários.
A importância dessa plenária se dá fundamentalmente pela representatividade, com participação de diversas entidades sindicais, movimento populares e estudantil de norte a sul do país. Se inscreveram 1.336 pessoas para a atividade.
A CSP-Conlutas foi um pólo centralizador, uma vez que as demais centrais sindicais brasileiras não assumiram essa bandeira, atuando como braço do governo Lula e também em defesa da patronal como foi o caso do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre (POA), filiado à Força Sindical, que assinou o acordo de jornada 10×1 na rede de supermercado Zaffari.
Aliás, o ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho defende que a redução da jornada 6×1 seja tratada pro empresas nas respectivas “convenções e acordos coletivos de trabalho”, deixando a jornada trabalhista nas mãos da patronal.
Luiz Carlos Prates, o Mancha, deu as boas vindas pela Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e reafirmou o compromisso da Central nesta mobilização que se pretende ser ampla e democratica agregando operários, estudantes e moivmentos sociais. Apontou que a Central entende que a luta pelo fim da jornada 6×1 consegue concentrar toda a luta contra a precarização do trabalho e também contra a reforma trabalhista feita pelo Temer, mas que se mantém pela falta de revogação pelo governo Lula.
“Todas as medidas de precarização servem pra aumentar o lucro dos bilionários e dos grandes capitalistas, por isso essa luta é tão importante porque consegue ser estopim para diversas categorias e estudantes e isto não estamos vendo acontecer”, reforçou Mancha sobre a importância da mobilização.
A atividade foi organizada pela CSP-Conlutas e organização políticas como o PSTU, Corrente Socialista de Trabalhadoras e Trabalhadores (CST), Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), Unidos pra Lutar, Organização Comunista, Internacionalista (OCI), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Revolução Socialista (RS/PSOL), União da Juventude Comunista (UJC) e Rebeldia, contando com ampla participação de entidades sindicais, entidades e movimentos estudantes e populares, e representantes estaduais do VAT.
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Depoimentos dos que trabalham na 6×1
Houve um depoimento que emocionou o plenário e cercou de solidariedade o companheiro que, com a voz embarcada, lamentou ter perdido o enterro de um familiar, pois estava cumprindo sua escala excessiva. “Eu perdi familiares e não pude ir no enterro, porque eu tive que trabalhar, porque precisava garantir o sustento pra minha família” Ele observou o quanto é desumana essa jornada.
Este companheiro também lembrou que as privatizações são um ataque aos trabalhadores, pois são demitidos e recontratados por terceiras e entram em superexploração.
Outro companheiro alertou que sobretudo a escala 6×1 é um ataque à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. Como ex-motorista de ônibus em São Paulo, com jornada de 10 horas diárias muitas vezes, ele afirma que esta é uma categoria totalmente adoecida. “São problemas psicológicos e físicos, eu tenho três hérnias de disco, meu corpo anda como se fosse uma carroceria de caminhão trepidando”, afirmou, lembrando também o quanto é um trabalho estressante responsável por diversos danos à saúde mental do trabalhador.
Uma trabalhadora em supermercado contou que as jornadas excessivas reduziram o rendimento nos estudos e impuseram grande cansaço sem tempo para lazer.
Uma trabalhadora do setor de telemarketing de Natal disse que a pauta do fim da escala 6×1 tem muito apelo na categoria. “No dia de folga tem de fazer tudo que precisamos fazer, às vezes faz outro trabalho proque o salário não dá ou tem trabalho da faculdade, a gente não tem tempo”.
Participação de entidades e movimentos
Uma mesa dedicada a fala das organizações políticas organizadoras da atividade reforçou a necessidade da preparação pela base do movimento pelo fim da jornada 6×1 e pela redução da jornada sem redução salarial; defendeu o entendimento de que o governo de conciliação de classes atende aos interesses dos ricos empresários e de que a vitória da classe trabalhadora virá pelo Socialismo.