Com cantos, danças e a força ancestral do povo guarani, indígenas celebraram na Aldeia Tekoa Pyau, zona noroeste da capital paulista, a ampliação da demarcação da Terra Indígena Jaraguá. A menor terra indígena demarcada na maior metrópole do Brasil, que antes contava com 1,7 hectare, agora tem seus mais de 500 hectares demarcados.
A conquista ocorre após anos de luta que garantiram um acordo com o governo do estado, a Funai e o Ministério Público Federal.
A celebração reuniu lideranças indígenas, movimentos sociais, representantes de governos, do MPF e entidades de direitos humanos. A festa, marcada por rituais tradicionais, reafirmou a memória coletiva e a conexão espiritual dos guarani com o território.
“Esses e outros povos habitavam essa região há centenas de anos,e agora, depois de mais de 25 anos lutando, finalmente esse território foi demarcado, garantindo a sobrevivência de seres e sabedorias ancestrais! Se Jaraguá é Guarani, São Paulo é terra indígena e Brasil é originário”, afirma texto divulgado nas redes pela comunidade guarani mbya.
A nova demarcação cobre cerca de 58% da área do Parque Estadual do Jaraguá, em um acordo inédito de gestão compartilhada entre a comunidade guarani, a Funai, o Governo do Estado e o Ministério Público Federal. O pacto estabelece compromissos de preservação ambiental, com manejo sustentável de recursos naturais, recuperação de nascentes e direito à livre circulação dos indígenas no território.
Durante o ato, a liderança Thiago Guarani fez um alerta sobre os desafios que persistem, dando um recado direto às autoridades públicas presentes ao local.
“Nós conquistamos o nosso direito e vivemos sempre sobre a busca da reconquista, porque o nosso direito precisa ser efetivado. Mas ele só é efetivado quando nós colocamos a nossa comunidade em risco, porque vocês trazem o processo de reintegração de posse. É o não indígena que cria políticas que trazem o fim do mundo”, afirmou. Ele também denunciou os interesses econômicos que rondam os territórios indígenas: “Existem pessoas no Congresso Nacional que cobiçam nossos territórios, o lucro, e não o valor da vida que habita aqui. Então, vamos ser unidos, porque a nossa luta vai continuar”, afirmou.
Movimento Luta Popular presente
Movimentos populares também marcaram presença no ato, como os companheiros e companheiras do Movimento Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas. Silvinho, da Ocupação dos Queixadas de Cajamar, e Ana Paula, Elaine e Patrícia, da Ocupação Esperança de Osasco, prestaram solidariedade ativa à luta guarani.
“Estamos aqui apoiando as lutas necessárias do povo indígena do Brasil e de São Paulo. Hoje veio uma pequena conquista que é a demarcação da Terra Indígena Jaraguá. Que todas as outras aldeias também sejam demarcadas!”, destacou Silvinho.
A conquista da demarcação da TI Jaraguá representa mais que a ampliação de um território. É a reafirmação de um povo que resiste e luta. Viva a luta do povo guarani mbya! O Jaraguá é guarani!
