A sede da CSP-Conlutas, em São Paulo, recebeu, no sábado (26), a atividade que deu início à campanha “Fora Derrite! Tarcísio é inimigo do povo! Chega de racismo e mortes nas periferias de todo o Brasil”.
A reunião que contou com familiares de várias vítimas do Estado, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos também lançou a cartilha de autodefesa “Manual de sobrevivência na guerra dos de cima contra os de baixo”.
“Quando um PM joga um homem indefeso da ponte na zona sul, ou quando invade o velório de mais uma pessoa morta pela PM, como em Bauru, a nossa segurança melhora? Será que com quase 1 milhão de presos no país, encarcerar mais gente representa alguma saída?”
Estas são algumas perguntas que guiaram o debate dos participantes da reunião e que também compõem o manifesto apresentado pelos organizadores da campanha. “Este é um debate complexo e convidamos você para entender nossos argumentos”, explica o texto.
Aumento da violência policial
A necessidade da campanha e da cartilha veio atender uma demanda concreta: enfrentar a violência policial que cresce no estado de São Paulo a cada dia. Segundo o Ministério Público, as mortes causadas por agentes de segurança aumentaram 74%, em 2024.
Durante todo o ano passado, foram 712 assassinatos, o que representa uma média de duas pessoas assassinadas a cada dia no por forças policiais do estado. Os mortos são em sua maioria pessoas pobres, negras e moradas da periferia.
Apesar de São Paulo ter se tornado um estado mais letal para os excluídos, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) aprova a gestão do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, deputado federal pelo PL.
Sob o comando de Derrite e Tarcísio os últimos anos foram marcados pelo boicote às câmeras policiais, que serviam para evitar abusos por parte dos agentes, e massacres como os promovidos pela Operação Verão, em Santos, com dezenas de mortos.
Problema de Estado
No entanto, a campanha alerta que o estado brasileiro, em todos os níveis, tem culpa na matança da juventude negra e periférica, inclusive o governo Lula e sua inércia na aprovação de políticas públicas.
“O genocídio do povo negro, indígena, periférico e trabalhador é uma política de Estado. Para derrotá-la, é fundamental a nossa organização independente, unindo as organizações de bairro, os movimentos sociais, sindicatos, grupos de familiares. Esse é o caminho para conseguirmos mudar essa situação e defendermos nossas vidas”. diz o manifesto.
A cartilha de autodefesa, inspirada em outros materiais semelhantes já existentes, traz uma série de informações sobre direitos básicos que são ignorados pelas autoridades, invasões ilegais de residências e abordagens abusivas.
Segundo os organizadores, agora a luta será para ampliar a campanha: “Os materiais ficarão disponíveis online e podem ser reproduzidos para debater no seu bairro, local de trabalho e onde mais quiser. Caso queira somar na campanha, procure um movimento da sua região e vamos fortalecer a luta pela demissão do Derrite. Fora Derrite”.