A tecnologia aplicada em sala de aula para complementar o trabalho dos professores virou uma verdadeira ferramenta de precarização do trabalho e assédio moral sob o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no estado de São Paulo.
Por isso, os profissionais da educação da rede pública estadual realizam desta segunda-feira (13), até o dia 19, uma “greve virtual” boicotando as plataformas pedagógicas digitais. Estas são alvos de inúmeras reclamações também por parte de pais e estudantes.
Desde o ano passado, o Secretário da Educação, Renato Feder, capitaneou um gasto de milhões de reais para a implementação de um ensino baseado em aplicativos, com conteúdos e atividades pré-estabelecidas.
Além de homogeneizar o ensino em todo o estado e retirar a autonomia dos professores nas estratégias em sala de aula, o novo cenário é marcado pelo assédio, uma vez que os profissionais são cobrados a atingir metas impossíveis nas plataformas.
Os materiais dos aplicativos também ficaram marcados por erros grosseiros como a afirmação de que seria Dom Pedro II o responsável pela assinatura da Lei Áurea, e não sua filha, a Princesa Isabel.
Ainda em outro trecho, o material dava conta de que a hiperatividade e o déficit de atenção poderiam ser transmitidos pela água. Mesmo com tantos problemas, o governo paulista ainda anunciou neste ano que utilizaria a inteligência artificial Chat GPT para a elaboração das aulas.
Todo esse cenário que já recebeu nome de “plataformização do ensino” vem em um contexto de fechamento de salas de aula em todo o estado, aumento do desemprego entre os professores e a precarização do trabalho docente.
O governador Tarcísio, aliado íntimo do ex-presidente Jair Bolsonaro, também tem utilizado das plataformas para difundir a ideologia neoliberal de privatização das escolas.
Em um dos materiais elaborados pela plataforma Alura havia propagandas de um curso pago oferecido pela empresa. Além disso, foi constatado que um vídeo do MBL (organização da extrema direita) também constava na plataforma “educativa”.
“Os alunos não estão aprendendo nada, estão desmotivados com as aulas e os professores também. Enquanto isso, as empresas já lucraram mais de R$ 117 milhões com as plataformas até o momento, sem contar os R$ 200 milhões gastos em equipamentos da Multilaser, ligada ao Secretário da Educação ”, explica a professora Flávia Bischain, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e coletivo Reviravolta da Educação.
“Nós estamos fazendo um boicote às plataformas e é muito importante que os professores, estudantes e pais participem dessa mobilização. Nós do reviravolta também cobramos da direção estadual da Apeoesp que construa uma greve real em toda categoria, porque há outros ataques também. A “greve virtual” nos possibilita abrir um amplo debate com a comunidade escolar sobre o que está acontecendo com a educação, mas não substitui a necessidade de uma greve real pra parar tudo”, conclui Flávia.
Na última assembleia organizada pela Apeoesp, foi aprovada uma paralisação para o próximo dia 24 de maio, com indicativo de greve. Após a assembleia, professores e estudantes seguirão em marcha do MASP até a Secretaria da Educação.