Próximo ao Natal, um grupo de trabalhadores do Metrô de São Paulo decidiu mostrar seu desejo pelo fim dos bombardeios de Israel em Gaza, na Palestina, tirando uma foto ao lado da bandeira do país que já acumula mais de 22 mil civis mortos.
Em resposta, a direção da empresa agiu rapidamente e puniu todos os envolvidos com uma advertência escrita. A ação do Metrô escancarou a política de repressão aplicada aos funcionários, principalmente àqueles que atuam em entidades sindicais e movimentos sociais.
Metroviário na capital paulista há 29 anos e diretor da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), Celso Borba, conhecido como Carioca, explica que atualmente a direção da empresa tem acumulado advertências escritas na tentativa de intimidar os trabalhadores.
“A advertência escrita é a principal forma que a direção do metro está utilizando para intimidar os trabalhadores e principalmente os ativistas da categoria”, afirma Celso.
Segundo Celso, a advertência escrita também impede que o funcionário realize qualquer concurso interno. Além disso, a punição serve para “sujar” a avaliação interna que o Metrô faz dos funcionários, o que também, eventualmente, pode levar à dispensa.
Autoritarismo
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo afirma que a medida demonstra o autoritarismo que a direção do Metrô, a mando do governador Tarcísio de Freitas, tem aplicado ao conjunto dos trabalhadores.
No grupo de Operadores de Trem que se solidarizaram à Palestina, estão diretores do sindicato e da Fenametro. A empresa aplicou as punições sem direito de defesa, alegando quebra do Código de Ética e Conduta.
“Repudiamos veementemente mais esta conduta antissindical da Direção do Metrô, pois hoje pune trabalhadores que fazem parte de um movimento amplo em todo o mundo e reconhecido por entidades de direitos humanos internacionalmente”, afirma o sindicato em nota pública.
Perseguições
O uso das advertências para punir trabalhadores está inserido no contexto da luta contra a privatização do Metrô que, em 2023, organizou dois dias de greve unificada com trabalhadores da CPTM e da Sabesp.
O caso mais emblemático foi a demissão de oito metroviários, em novembro do ano passado, por participarem das mobilizações contra o plano de entregar o patrimônio público para a iniciativa privada.
Há uma campanha pela reintegração imediata dos demitidos (você pode conferir os vídeos nas redes sociais da CSP-Conlutas) que também foram vítimas do autoritarismo e da perseguição imposta os trabalhadores contrários à privatização.