Na sexta-feira, dia 4, movimentos e coletivos de mulheres realizaram um protesto em frente ao Consulado da Espanha em São Paulo (SP) contra a anulação da condenação do ex-jogador Daniel Alves por estupro. A manifestação denunciou a impunidade em casos de violência contra as mulheres e exigiu justiça para a vítima.
No último dia 28, o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha absolveu Daniel Alves da condenação por estupro de uma jovem de 23 anos, cometido em 2022, em uma boate em Barcelona. A decisão causou indignação e repúdio em movimentos de mulheres e de luta contra a violência e o machismo em todo o mundo. O ato desta sexta-feira em São Paulo se soma a uma série de manifestações que têm ocorrido internacionalmente para denunciar a impunidade e pressionar pela revisão da decisão judicial.
Em frente ao consulado espanhol, localizado no Jardim América, zona sul da capital paulista, o grupo de manifestantes protestou com cartazes, faixas e performances simbólicas.
Com tinta vermelha sobre a calçada, simbolizando o sangue de mulheres violentadas, e cédulas de dinheiro “voando”, para representar a fiança milionária que garantiu o ex-jogador sair da prisão, as manifestantes criticaram o silenciamento das vítimas e a cultura do estupro. O ato também denunciou a cumplicidade do jogador Neymar, que pagou parte da fiança de Daniel Alves. Alguns dos cartazes traziam os dizeres “A Justiça é cúmplice” e “O dinheiro compra a impunidade”.
Os movimentos feministas classificaram a anulação da sentença como “escandalosa” e um “retrocesso na luta contra a violência de gênero”. Segundo as ativistas, a decisão pode comprometer a efetividade das leis “Não se Cale” e “Não é Não”, tanto no Brasil quanto na Espanha, desestimulando vítimas a denunciarem abusos e aumentando a subnotificação desses crimes.
“Não toleraremos que a impunidade soe como portas abertas à violência de gênero. Exigimos justiça por todas as vítimas”, declararam.
As mulheres também cobraram um posicionamento das associações e entidades esportivas diante do caso.
O protesto ocorreu de forma pacífica, mas foi alvo de uma tentativa de intimidação por parte do Consulado da Espanha, que acionou a Polícia Militar sob a acusação caluniosa de que as manifestantes teriam jogado tinta dentro do prédio, o que foi desmentido pelos organizadores do ato.
Entre as organizações presentes estavam a Frente Estadual pela Legalização do Aborto, Rede Feminista de Juristas (deFEMde), MML (Movimento Mulheres em Luta) – filiado à CSP-Conlutas, Católicas pelo Direito de Decidir, Coletivo Juntas, Movimento de Mulheres Olga Benário, Marcha Mundial das Mulheres, Bancada Feminista do PSOL, Feministas Antirracistas Socialistas, Movimento Negro Unificado, Coletivo Mulheridades Zona Oeste, Loucas por Ti Corinthians, Coletivo Toda Poderosa Corinthiana, Coletivo Mulheres Pretas no Poder, Corrente Socialista dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, União Brasileira de Mulheres e Coletivo de Mulheres da Noroeste.
A CSP-Conlutas apoia a luta das mulheres contra a violência e engrossa as fileiras para exigir a devida punição a todos os estupradores.
Lugar de estuprador é na cadeia! Basta da cultura do estupro! Chega de impunidade!