Encontro será realizado de forma presencial e virtual no dia 29 de junho, mês que celebra a luta LGBTQIAPN+. Inscrições já podem ser feitas
O Setorial LGBTQIAPN+ da CSP-Conlutas realizará no dia 29/6 (sábado) uma Plenária Nacional para discutir e organizar as lutas contra a LGBTIfobia e pelos direitos desse setor oprimido. A atividade será realizada de forma presencial, na sede da Central em São Paulo (SP), e virtual.
O objetivo é reunir ativistas de todo o país para, além de debater as demandas dessa comunidade, aprovar propostas que possam reorganizar o movimento diante dos graves ataques e discriminação impostos às pessoas LGBTI+.
As inscrições podem ser feitas de 10/6 a 23/6, através do link: https://forms.gle/NyM34ujkSByCuZHu9
Há uma taxa solidária de R$ 20.
Para mais informações, os interessados devem entrar em contato Prida, do Setorial: (32) 99162-9088
Mês do Orgulho LGBTI+
A Plenária Nacional do Setorial da CSP-Conlutas se insere nas atividades deste mês de junho que celebra a luta LGBTQIAPN+ em todo o mundo.
A data tem como marco a histórica Revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, na qual frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York (EUA), reagiram às frequentes e violentas batidas policiais a que eram submetidos.
Foram quatro dias de uma verdadeira batalha, em que fecharam ruas do entorno com barricadas, enfrentaram a polícia e ganharam apoio da população e dos movimentos sociais. À frente da resistência e dos enfrentamentos, estavam travestis negras, gays imigrantes e mulheres lésbicas, numa demonstração de unidade de setores oprimidos.
O impacto daquela luta foi tão forte que no ano seguinte, em 28 de junho de 1970, organizou-se nos Estados Unidos, a primeira manifestação do que se transformaria nas paradas LGBTs em todo o mundo a partir de então. 55 anos depois as lições de Stonewall são exemplos a serem seguidos na luta contra a LGBTfobia que mata, violenta, discrimina e explora em todo o mundo.
Manifesto
O Setorial divulgou um manifesto que destaca a opressão vivida pelas LGBTIs e os ataques dos governos e capitalistas, assim como uma saída classista, combativa, independente e socialista para a garantia das demandas e direitos das LGBTIs. Confira abaixo.
EXPLODIR O ARMÁRIO, ENFRENTAR A OPRESSÃO E A EXPLORAÇÃO
Combater os ataques do governo Lula/Alckmin e da extrema direita. Organizar nossa luta pela aniquilação do capitalismo!
Vivemos uma época de decadência do capitalismo. Para se recuperar das crises, os grandes poderosos (empresários, organizações políticas, religiosas e movimentos de extrema direita e da direita tradicional) encontram novas fontes de exploração para manter seu poder, e o resultado é mais exploração e mais opressão.
Nós LGBTQIAPN+, ao lado das mulheres, negros e negras, povos originários e quilombolas, imigrantes e refugiados, pessoas com deficiências, dependentes químicos e pessoas com transtornos e doenças mentais, a juventude das periferias e outros grupos sociais vulnerabilizados, presenciamos cotidianamente de maneira mais acentuada, em nosso país e no mundo, o tensionamento colocado para nossa classe, e o resultado é a queda na capacidade de viver com dignidade, e em muitos casos, literalmente a necropolítica, ou seja, a política da morte.
Esse cenário piora para travestis, mulheres transexuais, homens trans e demais identidades dissidentes da nossa comunidade que não encontram saída para uma vida plena, não encontrando acesso à saúde, educação e recursos para a construção de uma vida profissional, fatores que diminuem drasticamente a expectativa de vida dessa população.
Vivemos um momento de consolidação da extrema direita em todo o mundo, e de conflitos bárbaros como é o caso dos genocídios orquestrados contra o povo ucraniano, palestino e de diversos países da África e do Oriente Médio.
Se apoiando em discursos fundamentalistas e conservadores, políticos e organizações religiosas buscam impor pela força e violência a retirada de direitos históricos de nossa comunidade em todo o mundo. No Brasil, nos estados e municípios, há um avanço sem precedentes de leis anti-LGBTQIAPN+ que visam atacar sobretudo a dignidade e a vida de travestis, mulheres transexuais, homens trans e demais identidades.
O governo Lula-Alckmin e governos ditos “de esquerda” tampouco são uma alternativa aos duros ataques, pois apesar do discurso de valorização dos setores oprimidos, na prática não efetivam medidas que invertam a lógica capitalista de oprimir cada vez mais para superexplorar. Lula, por exemplo, não revogou as medidas e reformas neoliberais impostas nos últimos anos e nem avançou nas nossas pautas históricas, como as cotas trans, o processo de redesignação sexual pelo SUS, a criminalização da lgbtfobia, mais verbas paras as casas de abrigo e combate efetivo à violência dos setores oprimidos. Ao contrário, aprovou o RG transfóbico e mantêm os acordos com os setores conservadores no Congresso Nacional, que impõe o marco temporal e a criminalização do aborto.
Diante disso, os setores mais conscientes e organizados da nossa classe não ficam calados e respondem com grandes lutas, greves e mobilizações que visam impedir a retirada de direitos humanos, civis, trabalhistas, previdenciários, sociais e políticos, como fazem hoje nossos irmãos e irmãs argentinos contra os planos de austeridade e os ataques às liberdades democráticas do Governo de Javier Milei, a mando do FMI, na Argentina.
Se faz cada vez mais necessário organizar nas bases dos sindicatos e movimentos sociais da classe trabalhadora a luta e a defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+, sobretudo nas bases das categorias em que somos uma ampla maioria, por exemplo, nos call centers, combatendo inclusive o preconceito que existe entre nossa própria classe, buscando construir a unidade necessária para enfrentarmos de conjunto os ataques vindos dos patrões e seus governos.
Neste caminho, movimentos importantes tem surgido no horizonte, como o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), pelo fim da Escala 6×1, Coletivos LGBTTQIAPN+ nas escolas e bairros proletários, Saraus de Luta e tantas iniciativas de base que devemos apoiar e impulsionar.
A juventude LGBTQIAPN+ precisa ser apoiada nas periferias e nas escolas públicas, cada vez mais precarizadas e sucateadas. O Novo Ensino Médio, por exemplo, que ainda não foi Revogado pelo Governo Lula-Alckmin, cria um enorme obstáculo principalmente para nossa população. Vemos cada vez mais ser cerceado a discussão de gênero e sexualidade nas escolas e nas famílias.
Os impactos da ausência deste diálogo e debate são nítidos nos dados que revelam os problemas de saúde mental enfrentados pela nossa população. Temos 5x mais chances de pensar e cometer suicídio. O preconceito e a discriminação nos causam traumas irreversíveis.
Para reverter esta triste realidade, precisamos primeiramente fortalecer entre nós os laços de solidariedade e fraternidade para construir a luta política e a disputa da consciência da maioria da população que reproduz o preconceito LGBTQIAPN+fóbico, como fazem hoje com muita resistência e luta as Casas de Acolhimento LGBTQIAPN+, a exemplo da Casa Marielle na Bahia e a Casa NEM no Rio de Janeiro.
Nós, que estamos organizados no Setorial LGBTQIAPN+ da CSP Conlutas, achamos que este espaço também pode e deve ser construído na Central Sindical e Popular, por ser uma ferramenta de luta alternativa e independente dos governos e patrões.
É por isso que queremos utilizar este Manifesto para fazer um chamado à todos, todas e todes ativistas LGBTQIAPN+ para construírem conosco a Plenária Nacional do Setorial LGBTQIAPN+ da CSP Conlutas que terá como objetivo debater e pensar estratégias para organizar nossa luta e defender a nossa comunidade.
Como já disse Rosa Luxemburgo: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Setorial LGBTQIAPN+ da CSP-Conlutas