Além de marcar o Dia Internacional de Luta da Mulher, a última sexta-feira (8), também foi dia de declarar greve. Contra uma proposta indecente de reajuste salarial apresentado pela Prefeitura de São Paulo, os profissionais da Educação municipal decidiram cruzar os braços por tempo indeterminado.
A proposta do governo de Ricardo Nunes (MDB) apresentava reajuste de 3,62% no Piso em forma de Abono Complementar, e 2,16% sobre os padrões de vencimentos de todas as tabelas. Um verdadeiro desrespeito, uma vez que a categoria amarga uma defasagem que se aproxima dos 40%.
Os companheiros e companheiras também deixaram claro que são contra o sistema de remuneração por subsídio, uma vez que, na prática, a modalidade destrói a carreira do docente e significa a perda de inúmeros direitos.
“Reivindicamos reajuste salarial que reponha ao menos os índices da inflação”, afirma Cristiane Rodrigues Ishikawa, professora integrante do coletivo Reviravolta dos Municipais. “A prefeitura oferece aumento por subsídios e não aumento real em nossos pisos salariais. Somos contrários porque acaba com a nossa evolução funcional por tempo e progressão de carreira no serviço público, direito alcançado com muita luta pela categoria”.
A prefeitura deve enganar a populacão dizendo que oferece um bom prêmio de desempenho. Porém é um engodo, pautado na meritocracia . Se você tiver licença médica ou precisar por direito, faltar para cuidar de um familiar doente , não recebe. A nossa categoria é composta por maioria de mulheres com tripla jornada, que vez ou outra precisa se ausentar para cuidar de um filho ou de seus pais idosos”, explica.
Entre as reivindicações dos trabalhadores ainda estão 39% de incorporação em todas as tabelas, fim do confisco previdenciário, aumento do piso dos docentes, gestores e quadros de apoio, além de melhores condições de trabalho nas escolas.
“As condições de trabalho e a segurança nas escolas estão péssimas. Faltam funcionários do quadro de apoio, professores e profissionais com formação específica para auxiliar na inclusão das crianças. Estamos com muitos trabalhadores contratados na rede, que não tem os mesmos direitos. Reivindicamos chamadas de concursos
Na quarta-feira (13), a categoria realizará uma nova assembleia em frente a Prefeitura de São Paulo (Viaduto do Chá, Centro), às 14h. De lá, haverá uma caminhada até a Câmara Municipal (Viaduto Jacareí, Bela Vista).
“O avanço nas terceirizações, nos preocupa principalmente na Educação Infantil . Assim como no governo Federal todo dinheiro que deveria ser empregado na melhoria do serviço público está sendo destinado a empresas privadas. Já vimos muitos escândalos sobre a máfia dessas empresas envolvidas com desvio de dinheiro, inclusive citando o nome de Nunes. Também empregam o dinheiro da Educação em empresas de aplicativos para entrega de uniforme e materiais”, alerta Cristiane.
Servidores também estão na luta
Os servidores públicos municipais de São Paulo também realizaram assembleia no dia 8 de março. Contra os míseros 2,16% de reajuste salarial apresentado pela Prefeitura eles decidiram manter o aviso de greve.
Na terça (12), uma assembleia também em frente ao paço municipal, às 14h, poderá decidir pela greve por tempo indetemrinado, jutando assim servidores e professores numa só mobilização contra a gestão de Nunes.
Entre os servidores as reivindicações são pedem a reposição da inflação e reajuste linear de 16%. Assim como a garantia do pleno direito às férias, que corre risco, de acordo com o Sindsep, pelo Decreto 62.555, de 2023.
Também estão na pauta a quebra do confisco da dedução de 14% dos vencimentos dos aposentados, melhores condições de trabalho e saúde, o fim das terceirizações e a nomeação de concursos.