São Paulo amanheceu com a força daqueles que lutam contra as privatizações. Pela segunda vez neste ano, trabalhadores da Sabesp, Metrô e CPTM, agora com o apoio dos professores e servidores públicos, realizam uma greve histórica em defesa do patrimônio público.
Ainda na madrugada desta terça-feira (28), era possível ter ideia da intensidade da mobilização, que tem como principal objetivo barrar a venda Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
“A greve é massiva. Está claro o recado dado para Tarcísio que não queremos privatizações e terceirizações, nem o corte de verbas na educação que ele está planejando”, explica Alex Fernandes, metroviário e integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
A ampla adesão das categorias, assim como foi na primeira greve unificada em 3 de outubro, é novamente um diferencial. Os piquetes pacíficos denotam a coesão da greve e a organização dos trabalhadores que respeitam a democracia operária.
“O que a gente está exigindo é que o governo pare este projeto de privatização e ouça a população do estado”, afirma Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos metroviários de São Paulo, que esteve presente no piquete da estação Jabaquara durante a madrugada.
“Nós queremos que a população decida se prefere as empresas privatizadas ou não. O povo merece transporte e saneamento básico acessível e de qualidade”, conclui.
Autoritarismo
Na segunda (27), por volta das 17h, uma assembleia simbólica reunindo representantes dos diferentes setores grevistas ocorreu em frente à Câmara Municipal de São Paulo, onde houve uma audiência pública sobre o tema da privatização da Sabesp. Este foi o pontapé inicial nas 24 horas de luta.
No entanto, metroviários e ferroviários ainda tiveram de enfrentar o autoritarismo das direções do Metrô e da CPTM, que abusaram de práticas antissindicais. Trabalhadores relatam terem recebido e-mails convocando para o serviço, embora a greve tenha sido aprovada pela maioria dos funcionários.
Outro episódio lamentável ocorreu na estação Mendes Vila Natal, onde seguranças da ViaMobilidade, concessionária privada que opera parte dos trens da CPTM, confiscaram o material de panfletagem que estava sendo distribuído pelos moradores do bairro Jd. União e ativistas da CSP-Conlutas São Paulo.
Tarcísio impede catraca livre
O autoritarismo é retrato do governo de Tarcísio de Freitas, que como bom representante do bolsonarismo, só pensa em entregar de bandeja o patrimônio público para favorecer os empresários, enquanto dá as costas para os reais problemas da população paulista.
Ainda neste sentido, mais uma vez, Tarcísio ignorou o pedido feito pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo de liberação das catracas para que a população não fosse prejudicada com a interrupção dos serviços.
Apoio da população
Ainda assim, a população tem demonstrado apoio à luta contra a privatização. Durante a manhã desta terça, a hashtag NãoPrivatizaSP esteve entre as 10 mais comentadas na rede social X (antigo Twitter).
Além disso, não foram poucos os usuários dos trens e Metrô que, apesar de não conseguirem embarcar nesta manhã, manifestaram compreensão e apoio à greve, demonstrando toda insatisfação com a maneira que Tarcísio comanda o estado.
Contra os cortes na Educação
Além de enviar às pressas o projeto de privatização da Sabesp para votação na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), o governador Tarcísio também já encaminhou o corte de quase R$ 10 bi da Educação Pública.
Há também o plano de passar para a iniciativa privada a construção e a gestão de 33 escolas da rede estadual, o que seria um ensaio para a avançar ainda mais com a privatização do setor.
Os profissionais da Educação também exigem a revogação da Lei Complementar 1374/22, que dispõe sobre salários, além de reivindicar a aplicação correta da jornada no piso salarial, entre outras demandas.
Grande ato na Alesp
Todas essas categorias em luta irão se encontrar em um grande ato em frente a Alesp, a partir das 15h. O plano é botar pressão nos deputados estaduais e mostrar a força do movimento no dia em que a casa também realiza uma audiência pública sobre a privatização da Sabesp.
Como o relatório da venda da Sabesp já foi aprovado no congresso de comissões, que reuniu as comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Infraestrutura, a expectativa é que o projeto de lei seja votado em plenário já na próxima semana.
“Vamos fazer um grande ato na Alesp a partir das 15h, e além das categorias em greve na capital, teremos a participação de professores de todo o estado. Todos e todas na luta contra a privatização”, explica Flavia Bischain, professora e integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
Todo apoio
Mais uma vez, a CSP-Conlutas está, desde as primeiras horas da manhã, na linha de frente desta luta. É fundamental expressar o repúdio às privatizações no estado de São Paulo e em todo o Brasil.
Da mesma maneira é necessário repudiar o movimento de Tarcísio que ataca lideranças sindicais e trabalhadores em luta. Lutemos pela reintegração dos 8 metroviários demitidos. Basta de repressão àqueles que lutam.