Trabalhadores da General Motors de São José dos Campos foram surpreendidos, neste sábado (21), com comunicados de demissão. Sem prévia negociação com o Sindicato e de maneira covarde, a montadora enviou telegramas a diversos metalúrgicos, incluindo operários em layoff. Assim como os companheiros, o Sindicato foi pego de surpresa. A GM não informou o número de demitidos.
Com essa situação, o Sindicato convoca todos os trabalhadores da GM para uma assembleia neste domingo (22), às 10 horas da manhã, na sede da entidade (Rua Maurício Diamante, 65, Centro, São José dos Campos).
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, repudia veementemente a demissão covarde, que, além de São José, também atinge as plantas de Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul. Desde já, a entidade exige o cancelamento de todas as demissões e a reintegração de todos os trabalhadores.
Telegrama enviado pela GM
Em São José dos Campos, a GM tem um acordo firmado com o Sindicato de que não realizaria demissões ou adotaria outras ações sem prévia negociação com o representante legal dos trabalhadores, o que foi descumprido nessa ação arbitrária da empresa.
Além disso, pelo acordo do layoff, aprovado em junho, todos os operários da planta deveriam ter estabilidade no emprego durante a vigência da suspensão de contratos. Cerca de 1,2 mil trabalhadores entraram em layoff em julho.
O Sindicato exige a manutenção dos postos de trabalho e a estabilidade no emprego para todos da fábrica.
É importante lembrar que a General Motors não passa por uma crise econômica. No primeiro trimestre de 2023, por exemplo, a companhia divulgou que teve lucro líquido global de 2,4 bilhões de dólares. No Brasil, a empresa teve crescimento de 42% em suas vendas nos três primeiros meses deste ano, se comparado ao mesmo período de 2022.
“Os trabalhadores e o Sindicato foram pegos de surpresa, em pleno sábado, com essa atitude covarde da GM. Nenhuma empresa pode fazer demissões coletivas sem prévia negociação com sindicatos no Brasil, e não vamos admitir essa arbitrariedade da montadora. A luta já começou e estamos mobilizados para reverter esses cortes”, afirma o vice-presidente do Sindicato, Valmir Mariano.
Primeiras ações
Além da assembleia convocada para este domingo, o Sindicato também exigirá ações emergenciais do governo Lula para reverter os cortes na General Motors.
O Sindicato também defende uma luta unificada dos trabalhadores de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes em defesa dos empregos.
Apoio internacional
A notícia da demissão em massa de trabalhadores da GM em três plantas brasileiras ocorre no mesmo momento em que operários estadunidenses realizam uma greve histórica nas “gigantes de Detroit”, entre elas a General Motors.
Na semana passada, uma comitiva do Sindicato viajou até os Estados Unidos para prestar apoio ao movimento, liderado pelo UAW (United Auto Workers), sindicato nacional dos trabalhadores das montadoras norte-americanas.
“Vimos nos Estados Unidos a força dos trabalhadores da GM e de outras montadoras, nessa greve que já dura um mês e mobiliza o país. Certamente, com as demissões no Brasil, certamente haverá um impacto mútuo da situação entre os dois países. A solidariedade internacional será muito importante nesse momento”, complementa Valmir.
A GM em São José dos Campos conta com cerca de 4 mil trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer.