Os estudantes da Unicamp aprovaram greve por tempo indeterminado ao final da tarde de terça-feira (3). A decisão é uma resposta aos planos de privatização do governo Tarcísio e o sucateamento do ensino superior, mas também contra a agressão com faca promovida pelo professor da universidade Raphael Leão contra alunos em meio à paralisação e dia de luta estudantil realizada durante a manhã.
A decretação da greve se deu após assembleia geral com mais de 1.000 estudantes presentes.
Entre as principais reivindicações estão a cobrança de garantia de cotas para transexuais e pessoas com deficiências e acessibilidade na universidade; pavilhões de artes; pela exoneração do professor Rafhael Leão; por permanência e alimentação aos finais de semana; por mais infraestrutura e contratação imediata de professores através de concursos públicos e de funcionários para por fim à terceirização.
Estão programadas nesta quinta-feira a realização de assembleias por cursos.
Assim como na greve da USP, os estudantes da Unicamp reivindicam a contratação de docentes e funcionários. Eles também pedem melhorias na infraestrutura da universidade, já que alguns cursos, como os de educação física, geografia e artes, estão funcionando em prédios com estrutura precária.
Também defendem a unificação das lutas de estudantes e trabalhadores em defesa dos serviços e universidades públicas para derrotar as políticas privatizantes do governador Tarcísio de Freitas e do reitor da Unicamp, o professor Antonio José de Almeida Meirelles (Tom Zé).
Um ataque considerado racista e da extrema direita
A insatisfação dos estudantes com a universidade se agravou com a agressão do professor. Em nota, o DCE disse que a situação é inaceitável, e que os estudantes não serão “impedidos de se manifestar de maneira democrática e pacífica”. O diretório também pediu a exoneração imediata do docente. A Adunicamp, associação dos docentes da universidade, também condenou o ataque.
Inquérito policial foi instaurado e o caso está sendo averiguado por meio dos procedimentos administrativos para que sejam tomadas medidas cabíveis.
USP, em greve, convoca manifestação nesta quinta-feira em frente ao MASP
A USP, por sua vez, mantém forte greve há pouco mais de duas semanas. Na manhã desta quarta-feira (4) houve a segunda reunião da comissão de estudantes com a reitoria da universidade. Diferentemente da primeira reunião, desta vez, o reitor Carlos Carlotti Junior foi obrigado a estar presente.
Parte da pauta foi debatida e, segundo a representante do Caell, centro acedêmico de Letras, Mandi Coelho, houve avanços na negociação. “A força da greve começa a se refletir na reitoria da universidade e faz o reitor participar da negociação e discutir as nossas reivindicações”, comenta.
Entre os temas debatidos, a contratação de 1.027 professores (contratar 879 já previstos e mais 148) nos próximos 45 dias. A contratação seria temporária, para ser imediata, com reposição via concursos até o meio de 2024. Essas 148 contratações não serão embasadas no edital de mérito.
Também foram debatidas as demandas acumuladas pelos estudantes indígenas e o Levante Indígena; a abertura do bandejão sábado, para café e almoço, onde ainda não abre atualmente, e o Programa Unificado de Bolsas volta a ser embasado no critério socioeconômico.
Nova rodada de reunião acontecerá na próxima segunda-feira (9), às 10h.
A comissão de greve eleita pelos estudantes levará as propostas da reitoria à nova assembleia geral que acontecerá na segunda-feira (9), início da noite. Até lá, de acordo com Mandi, a greve continua. “Vimos que é possível arrancar conquistas da reitoria, por isso é preciso fortalecer os piquetes e o ato da avenida Paulista nesta quinta [5]”. A manifestação está marcada para às 17 horas em frente ao Masp, na avenida Paulista.
(Foto: Faísca Unicamp | Esquerda Diário)