Sindicatos e organizações dos trabalhadores deram uma rápida resposta à arbitrariedade cometida pela Embraer, pela PM e pela Polícia Federal, que prenderam dois ativistas na greve realizada na empresa ontem. Na manhã desta quarta-feira (4), um ato reuniu representantes de várias entidades na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região e exigiu a libertação imediata dos presos políticos.
O diretor do Sindicato José Dantas Sobrinho e o ativista do movimento popular Ederlando Carlos dos Santos seguiam detidos desde a tarde desta terça-feira em uma situação completamente arbitrária e confusa, sem que tivesse sido definida sequer a esfera, federal ou estadual, da detenção dos companheiros. Agredidos, Dantas e Silva chegaram a ser mantidos trancados nas viaturas por mais de uma hora pelos policiais ontem.
O salão do Sindicato ficou lotado com dirigentes sindicais de várias categorias, movimentos sociais e organizações políticas, que denunciaram o ataque antidemocrático e reafirmaram que lutar não é crime. A manifestação de apoio e total solidariedade marcou todas as falas, bem como o consenso da necessidade dos trabalhadores seguirem organizados, unificados e em luta.
Não à repressão da PM
O diretor do Sindicato e representante da CSP-Conlutas do Vale do Paraíba Antônio Macapá deu início ao ato destacando o dia vitorioso de luta unificada contra as privatizações do governo Tarcísio, ocorrido neste dia 3, e ressaltou que a greve na Embraer também foi uma luta por direitos, em que os trabalhadores mostraram força e disposição de luta.
Por outro lado, Macapá ressaltou que tem havido uma postura cada vez mais agressiva e repressiva da PM e que isso se mostrou em outras mobilizações, citando greves recentes, como nas empresas Sonaca e Adesan. “Essa prisão política é um ataque ao movimento sindical e social de conjunto. Não podemos permitir e por isso vamos fazer uma grande campanha pela liberdade dos companheiros, mas também para que isso não mais ocorra”, afirmou.
Herbert Claros, dirigente do Sindicato e trabalhador da Embraer, falou sobre a arbitrariedade e truculência da PM contra os metalúrgicos. “Além de agredir os dirigentes, a PM teve a ousadia de tentar colocar os trabalhadores para dentro da fábrica, mesmo após a aprovação da greve. E foram vaiados pelos trabalhadores que gritaram que queriam é aumento”, relatou.
O dirigente lembrou que a Embraer mantém o mesmo modus operandi da época da ditadura, de perseguição aos trabalhadores, utilizando os aparelhos de repressão do Estado. Ressaltou também que é uma empresa que tantos anos depois de privatizada segue sendo mantida com financiamentos públicos. “Por isso, denunciamos a PM do governo Tarcísio, mas também precisamos cobrar Lula, pois foi a Polícia Federal que prendeu os companheiros”, afirmou.