29 de agosto é Dia Nacional de Visibilidade Lésbica, uma data que nos lembra a importância e a necessidade da luta contra a violência, o preconceito e a discriminação que oprimem as mulheres lésbicas no Brasil.
No país onde mais se matam pessoas LGBTI+ no mundo, as mulheres lésbicas e bissexuais, sejam cis ou trans, são dos setores mais violentados e oprimidos, sofrendo uma combinação de lesbofobia e machismo.
Essa dupla opressão faz com que as mulheres lésbicas sejam submetidas à invisibilidade de sua orientação sexual e fetichização de seus corpos. Uma situação que resulta em casos de espancamentos, estupros, humilhações e agressões de todos os tipos, que podem levar até ao assassinato, sem falar na discriminação que nega o direito ao trabalho, à saúde, educação, entre outros.
Dados do “LesboCenso: mapeamento de vivências lésbicas no Brasil”, pesquisa realizada pela Associação Lésbica Feminista de Brasília Coturno de Vênus e a LBL (Liga Brasileira de Lésbicas), divulgado no ano passado, revelam uma realidade de violência e discriminação.
Ao todo 22 mil mulheres lésbicas responderam a um questionário virtual. Na primeira etapa de divulgação dos resultados revela que a maioria já sofreu algum tipo de lesbofobia (78,61%) e tem conhecidas que já sofreram algum tipo de violência por serem lésbicas (77,39%). Os tipos de atos lesbofóbicos mais destacados foram assédio moral (31,36%), assédio sexual (20,84%) e violência psicológica (18,39%). 24,76% informou que já foram estupradas; 75,13% desses crimes foram cometidos por pessoas conhecidas.
A perversidade do “estupro corretivo”
As lésbicas e bissexuais são alvo do chamado estupro corretivo, crime perverso cometido com o pretexto de mudar a orientação sexual da mulher, e que demonstra como o machismo acentua o preconceito e a violência. Nas últimas semanas, várias parlamentares brasileiras denunciaram ameaças deste crime e até de morte.
As mensagens criminosas, enviadas por email e redes sociais, têm forte conteúdo lesbofóbico, machistas e misóginos, chegando a fazer ameaças às famílias das políticas.
A vereadora no Rio de Janeiro (RJ) Mônica Benício, que é lésbica e viúva da vereadora assassinada Marielle Frranco, foi uma das mulheres ameaçadas. Ela relatou que o suspeito, que se identificou como “doutor em Psicologia Social pela Universidade de Harvard”, diz no email que “o lesbianismo é uma doença que pode ser curada com terapia alternativa”, e considera a orientação sexual uma “aberração”.
No texto ele descreve, com requintes de crueldade, uma série de violências sexuais contra mulheres, ensinando como os homens devem proceder para que elas “voltem à heterossexualidade”. O criminoso sugere ir à casa da parlamentar para fazer “uma demonstração sem compromisso”.
Também relataram ameaças as parlamentares Iza Lourenço, Cida Falabella, Bella Gonçalves, Duda Salabert, Dandara Tonantzin, em Minas Gerais; Rosa Amorim, em Pernambuco; e Daiana Santos, no Rio Grande do Sul.
Basta de violência! Exigimos direitos e respeito!
Às mulheres lésbicas e bissexuais é negado o direito de exercer sua orientação sexual, pois, são pressionadas a se portarem pelos padrões impostos pela sociedade capitalista para garantir sua sobrevivência e ter acesso a empregos, segurança, educação, saúde e outros direitos. É por isso que a situação de violência se combina com a exclusão social, que se traduz em situações como a discriminação no mercado de trabalho, em locais públicos, no acesso à saúde e educação, etc.
É assim que a falta de investimentos públicos por parte dos governos em políticas para as mulheres, contra a violência, de combate às opressões e para garantir direitos também agrava ainda mais essa situação.
Por tudo isso, este dia 29 de agosto é um dia importante de luta. Não só das mulheres lésbicas e bissexuais, sejam elas cis ou transexuais, e da comunidade LGBTI+, mas de toda a classe trabalhadora.
Par a CSP-Conlutas é tarefa de todas as organizações da classe, os sindicatos, movimentos populares e do campo, de juventude e de todos os trabalhadores(as) combater a LGBTfobia, pois o preconceito que divide os trabalhadores e trabalhadoras só serve aos de cima, para manter a dominação e a exploração sobre nossa classe.