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Dia 26/8: Ocupação Esperança comemora 10 anos de luta por moradia

O ano era 2013, já sacodido pelo levante de junho e julho e a vontade popular de tomar as ruas exigindo vida digna. Em 23 de agosto, as primeiras famílias organizadas pelo Luta Popular “caem pra dentro” de um terreno abandonado há 30 anos, em Osasco. Ali, elas iniciam uma nova vida, pensando num futuro melhor. O nome desta empreitada reflete tudo isso: Ocupação Esperança.

Hoje, já um bairro, a Ocupação Esperança se prepara para comemorar 10 anos de existência e resistência na luta por moradia digna no sábado (26). Atualmente, a área conta com dezenas de casas de alvenaria, comércios de todos os tipos, igrejas, praça e um barracão: o espaço comunitário para fazer atividades, reuniões, a alfabetização de jovens e adultos, e que também sedia a formação profissional através das oficinas de corte e costura. 

A programação começa às 16h, com atividade para as crianças da comunidade. Ainda haverá uma assembleia com os convidados, além da apresentação de um filme que retrata a história de uma década dos lutadores e lutadoras da Ocupação Esperança. É claro que não faltará o bolo e muita música (Confira a programação completa no final da matéria).

Fortalecer a luta

O momento de celebração também cumpre o papel de fortalecer aqueles que batalham por moradia digna, um direito garantido pela Constituição. Apesar de já fazer parte da história do município, a Ocupação Esperança ainda corre risco de despejo e sofre com o descaso da Prefeitura para resolver a situação das mais de 500 famílias que moram na região.

No momento, a comunidade aguarda a data da audiência de mediação no processo de reintegração de posse no Gaorp (Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse). As famílias exigem que seja firmado um acordo para a regularização da área para moradia.

No final de 2022, mesmo com o bairro estabelecido e compromisso da Prefeitura em avançar na regularização, os moradores foram pegos de surpresa com um pedido de despejo. Havia até mesmo um acordo com a Caixa Econômica Federal para que as famílias pagassem pelo terreno, mas o plano foi abandonado.

Mulheres protagonistas

O protagonismo das mulheres é marca da ocupação, que já em seu terceiro mês de vida teve a criação de um grupo de trabalhadoras denominado Mulheres da Esperança. A iniciativa visava promover o encontro e o fortalecimento das companheiras.

“Aqui na ocupação, desde o início, as mulheres sempre participaram de tudo, inclusive na coordenação que foi feita pra ajudar na organização da comunidade, nas cozinhas coletivas nos multirões, etc”, explica Maura, liderança da Ocupação Esperança.

O espaço para a troca de ideias e de resistência contra a violência e o machismo cresceu e incorporou outras iniciativas, como as oficinas de costura. Com o desemprego gerado nos anos de pandemia, a atividade de formação profissional foi fundamental para manter o sustento das famílias.

“As mulheres da ocupação se organizam em reuniões, pra fazer um bate papo entre elas e falar do seu dia a dia, as suas lutas diárias contra o machismo e é um espaço onde elas encontram pra descontrair um pouco e esquecer dos problemas”, afirma Maura.

“Aqui estamos a frente nas tomadas de decisões e nos reunimos toda semana. Isso deveria ocorrer em todos os bairros. Não só para as mulheres, mas para todos os moradores. As mulheres consegue tudo através da luta”, explica Ana Paula, moradora da ocupação e formada em Pedagogia.

Incêndio

O momento que mais exigiu resiliência dos moradores veio após um incêndio na ocupação que destruiu 40% das moradias. O fato ocorreu dias após as famílias arrancarem, com muita luta, a promulgação de um decreto de desapropriação da área para fins de interesse social para moradia.

Os incêndios criminosos, que ocorrem em comunidades em todo o país, são a face mais cruel das especulação imobiliária urbana que, é claro, também conta com a conivência das forças de segurança pública do estado.

O momento de dor foi também de solidariedade, com a Ocupação Esperança recebendo inúmeras doações para que as famílias afetadas pudessem retomar suas vidas. A CSP-Conlutas esteve presente nesta luta.

Lado a lado

As histórias de luta da Ocupação Esperança se confundem com as da CSP-Conlutas. Fundada em 2010, como Central Sindical e Popular, nossa entidade foi ponto de apoio da comunidade na defesa por moradia digna em diversas ocasiões.

Por sua vez a Ocupação Esperança esteve presente em praticamente todas as ações desenvolvidas pela CSP-Conlutas, em especial, batalhas de âmbito nacional como as mobilizações contra as reformas trabalhista e da Previdência, incluindo as greves gerais de 2017, no governo de Michel Temer.

Ainda sob o governo de Dilma Rouseff, em2015, os companheiros e companheiras bloquearam a Rodovia Anhanguera na luta contra as terceirizações. Na enorme bandeira postada podia-se ler: “nem PSDB, nem PT. Trabalhadores no poder!”.

Também estiveram presentas nas lutas durante o governo genocida de Jair Bolsonaro, exigindo melhores condições de vida e vacina durante a pandemia de Covid 19. Foram linha de frente nos atos que denunciaram o golpismo e pelas liberdades democráticas.

“O Luta Popular entra pra CSP-Conlutas em 2011 e a Ocupação Esperança é a primeira que consegue permanecer no território. Lá é onde desenvolvemos muitas experiências. Essas se cruzam com a CSP-Conlutas. Desde as lonas para montar os barracos, a Central foi um apoio fundamental”, afirma Irene Maestro, advogada do Luta Popular e integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Por isso, estaremos mais uma vez juntos, no sábado (26), para levantarmos a bandeira da luta por moradia digna e comemorar a experiência de auto-organização da classe trabalhadora que ocorre todos os dias na Ocupação Esperança. O endereço é Avenida Brasil, bairro Santa Fé, zona industrial do município de Osasco (SP).

Programação: 10 anos da Ocupação Esperança / Sábado (26 de agosto)

16h – Atividade para as crianças no barracão

17h – Abertura da festa com assembleia e convidades

        – Apresentação do vídeo de 10 anos de luta

        – Bolo e parabéns

19h – Banda Frizz + DJ a noite toda. Com muito forró, brega, funk, axé, reggae e música pra todos os gostos!

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